sábado, 19 de abril de 2008

Caderno de Atividades



Este caderno de atividades tem por objetivo atingir o público jovem no que se refere ao pensamento de Freud e Lacan sobre a ética da psicanális

1. Contextualização

1.1.Freud: Sigmund Freud nasceu na Moravia, em 6 de Maio de 1856, e morreu em Londres, em 23 de Setembro de 1939. Durante quase oitenta anos viveu em Viena, tendo deixado a cidade quando os nazistas ocuparam a Áustria. Ainda jovem, decidiu ser cientista na Universidade de Viena em 1873, lá se graduando oito anos depois. Freud nunca pensou em clinicar, mas as escassas recompensas do trabalho científico, as limitadas oportunidades de progresso acadêmicos para um judeu e as necessidades crescentes da família forçaram-no a exercer a profissão. Apesar disso, ainda encontrava tempo para pesquisar e escrever. Suas realizações como pesquisador médico rapidamente lhe granjearam grande reputação.
1.2. Lacan: Jacques-Marie-Émile Lacan, nasceu em Paris, em 13 de abril de 1901, em uma família burguesa de origem provinciana e de sólida tradição católica. Lacan perdeu a fé no final dos anos 20, esse foi o clímax de uma verdadeira interrogação. Como se fizera com seus outros irmãos, acrescentou-se ao seu nome o da Virgem Maria. Progressivamente, renunciaria a esse nome, nos diversos textos escritos no período entre-guerras. O clima familiar, até mesmo banal, horrorizava Lacan .Em 1918, o jovem não encontrou entre os que voltaram da guerra o pai carinhoso, moderno e cúmplice, que tanto amava na infância. No entanto, tinha sido uma tia materna quem percebera a precocidade do menino, permitindo que estudasse no colégio Stanislas, em Paris; seu condiscípulo Louis Lepreince-Ringuet relatou seus dotes de então para a Matemática. Depois de estudos no Colégio Stanislas, Lacan rompeu com o catolicismo


2. Linha do Tempo

A onda revolucionária iniciada em Paris no mês de 1848 espalhou-se pela Europa. Ela desencadeou rebeliões populares contra a opressão política e a desigualdade social que ainda prevaleciam em vários países. Encerrava-se o longo período de reformas políticas iniciado com a revolução de 1789.
O século XIX foi marcado por inúmeros conflitos e transformações. Crescia vertiginosamente a demanda por matérias-primas, por mão de obra, por mercados consumidores. As cidades viveram simultaneamente um intenso processo de crescimento, muitas vezes resultando em péssimas condições de vida e inúmeros problemas sociais. O ritmo de vida deixou definitivamente de ser regido pela natureza e passou a ser defendido pelo relógio. O movimento, a agitação, a mudança, a intermitência, o provisório, o transitório marcam a vida social no plano concreto.
Para as ciências, o final do século XIX representou mais do que uma mudança radical da imagem que se tinha do mundo, significou também um questionamento dos seus próprios fundamentos, o que levou ao surgimento de novas disciplinas.
As ciências sociais se enriqueceram, partindo para novas abordagens menos centradas no espaço e no tempo humano e mais preocupadas com o campo das representações, ou seja, com a percepção e a compreensão dos indivíduos acerca dos fenômenos sociais
Em 1986, pela primeira vez é empregado o termo psicanálise, pelo médico vienense Sigmund Freud (1856-1939). A psicanálise não é um ramo da psicologia nem da psiquiatria, também não é uma doutrina filosófica, mas tem grande influência entre os filósofos preocupados com as expressões simbólicas da mente humana. Freud utilizou o termo psicanálise para designar o estudo das representações do inconsciente na psique humana.


3. Texto: Psicanálise como a experiência ética


Psicanálise é a experiência sobre a relação do sujeito com o desejo, na tentativa de satisfação frente a castração simbólica.
Freud e Lacan tentam elevar a psicanálise como um saber científico. Saber, que enuncia a articulação do inconsciente. Freud mostrou que a psicanálise era um a novidade que vinha a destronar o lugar de reinado do sujeito da consciência.
O empreendimento psicanalítico buscava constituir-se como terapia e como reflexão da cultura. Os psicanalistas desenvolveram diferentes modos, dos quais a psicanálise se aplica ao tratamento clínico entendendo a cura de diversas maneiras.
A psicanálise não pode ser uma ciência da natureza, como não pode ser em modo da matemática, mas está além da cientificidade mal sucedida.
Para Freud não como colocar a psicanálise no interior de uma epistemologia pautada por aquela dicotomia, senão apenas com um equivoco ou uma falsa ciência.
Para Lacan a psicanálise compreende-se como uma ética, como experiência da relação do sujeito com o seu próprio desejo e com as barreiras que separam um do outro.
Nesse sentido é preciso desconstruir outra dicotomia nomeada como ôntico-ético e reconstruir o sentido no qual podemos falar das condições de possibilidade do desejo e de uma ética do desejo. Embora Freud tenha recorrido a mitos para explicar aquilo que não tem referencia empírica nem demonstração argumental, o que estava em jogo em cada caso, especialmente no Édipo, era mostrar uma estrutura que permitisse dar conta do funcionamento de fenômenos ou manifestações sintomáticas que se encontram na clinica.
Para Lacan o inconsciente não é o âmbito das trevas, o irracional a caixa preta ou qualquer coisa que se possa reduzir a uma experiência mística ou a uma relação de oposição neutralizadora com a razão. O inconsciente esta estruturado como uma linguagem. E é na busca da articulação que o analista precisa se comprometer.
Assim Freud e Lacan apresentariam as condições de possibilidades daquilo que permite entender as manifestações inconscientes, mas na sua singularidade e não numa regularidade normativa. Porem Lacan, em vez de recorrer aos mitos, modela construindo esboços de aparelhos em relação com a linguagem e com aquilo que ela não alcança.
O aparelho do psiquismo humano dispõe-se a partir dos registros do real, do simbólico e do imaginário. Registros estes que permitem trabalhar a relação do sujeito com o desejo como uma experiência ética. É assim que Lacan chama aquilo que esta no próprio principio da entrada da psicanálise.
Mas Lacan chama atenção para a Coisa (das Ding) que é condição de possibilidade de qualquer coisa ou bem da realidade do sujeito. Em suma a Coisa é o que do real padece dessa relação fundamental, inicia, que induz o homem nas vias dos significantes, pelo mesmo dele ser submetido ao que Freud chama de principio do prazer. Assim a deriva teria como direção o inorgânico, o vazio, e a morte. O campo de das Ding esta, nesse sentido, para alem do princípio do prazer e do principio da realidade. O principio de prazer guia o homem de significante em significante, mas a Coisa não é um significante. Refere-se à morte, é um pulo pra fora do simbólico.
Para Lacan a ética articula-se por meio de uma orientação do referenciamento do homem em relação ao real. O que busca é para alem do dever, dos bens e da lei, uma transgressão do desejo uma certa função ética do erotismo. Mas, na medida em que o desejo esta para alem da lei, o risco da de nos encontramos com nada é inevitável.
A ética do desejo é uma ética sem modelos. Certamente, o para alem da lei exige ou demanda uma erótica, um erotismo na experiência ética. Mas para que objetos venham a ocupar o lugar da coisa, o vazio da Coisa é preenchido temporalmente por coisas que, a principio são substituíveis por objetos que sustentam uma identificação simbólica, por imagem sublimadas. Aqui a fantasia sádica nos apresenta claramente uma relação com o objeto de desejo, no qual, o nosso prazer pode ser realizado de todos os modos possíveis sem que o objeto perca a sua beleza. No caso do sadismo, o sádico realmente nega que o gozo seja impossível, e vai enfrente confundindo-se com o próprio objeto.
Assim, se o dever seria um recalque (ou pelo menos o controle dos impulsos do desejo) pela obediência da lei o gozo sádico não seria propriamente um para-além-da-lei, mas uma afirmação da lei de que é possível alcançar o gozo que é a lei. A outra lei, proíbe, na tentativa de regular, de determinar as relações entre os sujeitos. No sádico, trata-se da desmedida da lei, da renegação da castração simbólica, que dirige a pulsão, pulsão sado-masoquista, para uma tentativa da satisfação que retorna num modo invertido.


4. Conceitualização

PSICANÁLISE: Psicanálise é a ciência do inconsciente que foi fundada por Sigmund Freud (1856-1939). Um método de investigação, que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito. A psicanálise é um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e de tratamento. A aceitação de processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da psicanálise.

DESEJO: O desejo que Freud nomeia é enigmático, e se diferencia da necessidade, que pode se satisfizer num objeto adequado. Como é sabido, o desejo é de outro registro para a psicanálise. Ele aparece mascarado nos sintomas, sonhos e fantasias, que são signos de percepção pelos quais uma experiência de prazer ou desprazer tem sido memorizada no aparelho psíquico. Quando se procura o objeto na realidade, a procura é a partir desses traços, objeto que remete a algo perdido desde o início, mas que deixa uma inscrição. Isto determina a dimensão do impossível para a psicanálise; um impossível lógico. "Desejo é o impulso de recuperar a perda da primeira experiência de satisfação"
O desejo é sempre outra coisa, que năo satisfaz as pulsőes. Pressupőe a falta. Para Freud o desejo tem sua gênese na perda da simbiose; para Lacan, é necessária uma relação do sujeito com a falta.

INCONSCIENTE: Em psicanálise, o inconsciente é um lugar desconhecido pela consciência: uma "outra cena". Freud apresenta o inconsciente em duas tópicas. A primeira tópica trata de uma instância ou sistema constituído por conteúdos recalcados que escapam às outras instâncias, o pré consciente e o consciente. Na segunda tópica, deixa de ser uma instância, passando a servir para qualificar o isso e, em grande parte, o eu e o super-eu.

SIGNIFICANTE: O sujeito é representado pelo significante. Segundo a definição de Lacan, o significante é o que representa o sujeito para outro significante. O significante năo é só antônimo em relaçăo ao significado. Tem uma importância essencial que não pode ser atribuída ao significado. Năo tem qualquer correspondência com o significado do signo lingüístico. A partir do significante pode ser revelada uma parte da verdade do sujeito, mas năo­ toda, já que seu desnudamento total faria desaparecer o recalque e aniquilaria o sujeito. Os significantes deslizam de um a outro, formam uma rede, trazendo um sentido expresso e outro latente.

COISA: Para Lacan a Coisa (das Ding) é condição de possibilidade de qualquer coisa ou bem da realidade do sujeito. Em suma a Coisa é o que do real padece dessa relação fundamental, inicia, que induz o homem nas vias dos significantes, pelo mesmo dele ser submetido ao que Freud chama de principio do prazer. Assim teria como direção o inorgânico, o vazio, e a morte. O campo de das Ding está, nesse sentido, para além do princípio do prazer e do principio da realidade. O principio de prazer guia o homem de significante em significante, mas a Coisa não é um significante. Refere-se à morte, é um pulo pra fora do simbólico.


5. Indicações Bibliográficas

MILLER, Jacques- Alain. Percurso de Lacan. Editora: Jorge Zahar, 1984, Argentina- Buenos Aires.
DAVIDOFF, Linda L.. Introdução à Psicologia. Editora Makron, 1998, Rio de Janeiro.
CHEMAMA, Roland. Dicionário de Psicanálise Larousse. Editora Artimédicas Sul, 1995 Porto Alegre.
FREUD, Sigmund. A história do movimento psicoanalítico. São Paulo, Abril Cultural,1974. (col.Os pensadores)
_____.Esboço de psicanálise. São Paulo, Abril Cultural,1974.(col. Os pensadores).
_____.Cinco lições de psicanálise. São Paulo,Abril Cultural,1974.(col.Os pensadores.


6. Indicação de Filmes


O Amigo Oculto / Título Original: Hide and Seek / Gênero: Suspense Tempo de Duração: 101 minutos / Ano de Lançamento: 2005 / Atores principais: Robert De Niro (David Callaway) e Dakota Fanning (Emily Callaway)

A Prova / Título Original: Proof / Gênero: DramaTempo de Duração: 99 minutos / Ano de Lançamento: 2005 / atores principais: Gwyneth Paltrow (Catherine), Anthony Hopkins (Robert), Hope Davis (Claire), Jake Gyllenhaal (Hal)



7. Perguntas Reflexivas sobre o tema


1.Por que Freud e Lacan não são considerados psicólogos,mas terapeutas?

2.Qual é a relação ente Freud e mito?

3. “A máxima sadiana não nos confronta com o desejo: é a partir do outro que a ordem nos solicita. Em última análise, o sádico é o objeto”. A partir dessa frase, discuta com seus colegas e explique o que é sadismo.


8. Charge
Observe as figuras e faça uma interpretação crítica de 15 linhas.






9. Dinâmica



Dinâmica do Relógio
Numa aula de cinqüenta minutos faremos a dinâmica do relógio que se realizará da seguinte forma:
- Cada pessoa deve escolher uma outra para partilhar a pergunta se será feita pelo professor quando o relógio bater uma hora (1h:00).
- Cada pergunta terá o tempo de cinco minutos para ser partilhada com o amigo, com isso, cada pessoa terá dois minutos e meio para partilhar cada questão. Após esse tempo, as pessoas devem mudar de parceiros, para partilharem outra pergunta, quando o relógio bater duas horas (2h:00) e assim por diante, até o relógio bater doze horas (12h:00).
- As horas do relógio são fictícias, o que vale é o tempo de cinco minutos.
Perguntas:
01h:00 Fale o que você entendeu do texto?
02h:00Fale o que é a sublimação para você?
03h:00Comente o que você entendeu sobre a coisa em Freud?
04h:00 Comente quem é Lacan?
05h:00 Fale que é Freud?
06h:00 O que é pulsão para Freud?
07h:00 Comente o que você pode trazer do texto para sua vida real?
08h:00 O que você entende por psicanálise?
09h:00 Comente o que é o divã, para você?
10h:00 Fale sobre o que é o recalque para você?
11h:00 Comente o que você tem mais dificuldade para falar para as pessoas em relação a você?
12h:00 Fale qual foi a pergunta que você mais gostou e o porquê?

Após a dinâmica reuniremos toda a turma em circulo para discutir um pouco sobre as questões, discutidas nas duplas.

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