quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Belo como Símbolo de Moralidade

Immanuel Kant (1724-1804) foi o pensador mais significativo da época moderna. Escreveu várias obras, dentre elas três que são consideradas as principais dentro do seu pensamento: A Crítica da Razão Pura, A Crítica da Razão Prática e a Crítica dos Juízos. Elas descrevem sobre o conhecimento, a moral, a sensibilidades, o sentimento do belo e sobre os juízos estéticos.
No dia 26/04/2008 o mestrando Luciano da PUC-PR expôs o seu projeto para os alunos do terceiro período de Filosofia, relatando sobre o belo com símbolo de moralidade em Kant. Nessas linhas que seguem tentarei reproduzir a explicação do mestrando na questão do belo em Kant.
Para Kant a ligação entre a faculdade cognitiva e a dimensão da sensibilidade, é a faculdade do juízo, relacionada aos sentimentos, porém, não o sentimento de ciúmes, raiva, alegria..., mas, o sentimento estético, o sentimento de prazer e desprazer que se tem com os objetos. Ele afirma que o juízo de gosto“...não é nenhum juízo de conhecimento, por conseguinte não é lógico e sim estético, pelo qual se entende aquilo cujo fundamento de determinação não pode ser, senão, subjetivo”. (Kant, 1997, p.93). No juízo de gosto não se faz referência ao objeto, como num juízo de conhecimento, mas refere-se ao modo como o sujeito sente-se e é afetado pela sensação causada pela representação desse objeto.
Segundo Kant, os juízos de gosto ou juízo estéticos, possuem três alcance: o belo, o agradável e o útil. O agradável e o útil são sentimentos despertados em vista de fins e interesses particulares, eles são contrários ao sentimento de belo, porque este é desprovido de qualquer interesse ou finalidade que não seja ele próprio.
Quanto ao belo, ele não pode ser uma propriedade objetiva das coisas, mas sim algo que nasce da relação entre objeto e sujeito. É aquela propriedade que nasce da relação dos objetos comparados com o nosso sentimento de prazer e que nós atribuímos aos próprios objetos. Kant distingue o belo em quatro categorias:
-Belo é o objeto de “prazer sem interesse”. Não está ligado ao grosseiro prazer dos sentidos e que não está ligado sequer ao útil econômico ou ao bem moral.
-Belo é “aquilo que agrada universalmente, sem conceito”. O prazer do bem é universal, porque vale para todos os homens e, portanto, se distingue dos gostos individuais. Trata-se, portanto de uma universalidade subjetiva, no sentido de que vale para cada sujeito.
-“A beleza é a forma da finalidade de um objeto, enquanto é percebido sem a representação de objetivo”. O belo nos dá uma impressão de ordem e de harmonia, isto é, de um fim para o qual estão voltados os elementos do objeto representado.
-“O belo é aquilo que é reconhecido, sem conceito, como objeto de prazer necessário”. Trata-se, obviamente, não de uma necessidade lógica, mas sim subjetiva, no sentido de que se trata de algo que se impõe.
O belo não está, portanto, nos objetos, como uma característica que lhes seria própria, nem puramente no sujeito, sem que ele precisasse do mundo. O sentimento se dá em relação sujeito e objeto. Um objeto não pode ser pensado separadamente do sujeito. O sujeito que precisa deixar gradativamente os seus interesses e gostos pessoais, para estar aberto ao sentimento de belo. Para Kant as condições de universalidade do sentimento do belo se dão na sua complacência necessária, isto é, uma satisfação desinteressada e que agrada os sentidos.

Um comentário:

Unknown disse...

qual é o elemento necessário para a universalidade do sentimento do belo? você não deixou explícito isso, mas, ótimo texto